Abraço de Kristen

*O barulho da moto era quase nulo, apesar de ela ser bem grande. Além do silenciador normal, eu tinha feito uma alteração. Um botão era suficiente para fazer muito ou quase nada de barulho. Já tinha vagado ali noites anteriores, já tinha observado a garota que parecia querer desafiar o pai. Murmuro.* Quer desafiar o papai? Posso te ajudar com isso. *Abro um sorriso sozinha, pensando se ela me agradeceria ou se me odiaria após a noite de hoje.*

*Paro a moto a uma certa distância para que nem mesmo o mais suave ronco chamasse sua atenção.* Já volto. *Acaricio o guidão da moto como se ela fosse viva e pudesse me entender. Caminho calmamente até a árvore onde você está encostada e murmuro.* Ô, vidinha chata... coisa ruim ter que fazer o que não to a fim, sabe? *Como se só agora percebesse você, olho em sua direção e abro um sorriso.* Oi!

*Como minha percepção é melhorada, pela forma como vc hesitou foi possível notar o pricípio de tensão.* Fica tranquila, eu sou sua amiga. Ou, vou ser. Mas me fala, o que tá fazendo aque no meio da noite?

*Estendo a mão, mantendo o sorriso.* Meu nome é Bryanna. E vc é a...? *É claro que eu sabia pelo tempo de observação, mas achei que a assustaria ainda mais se mencionasse. Sabia também que não poderia demorar muito para conseguir sua confiança, pois se não me apressasse, isto teria que ser feito em outra noite. E pelo potencial dela, meu mentor não ficaria muito satisfeito se eu retornasse sem ela novamente.*

*Aperto a mão, educadamente, controlando minha força para não esmagá-la. De repente, bato com a palma da mão na testa, como se tivesse acabado de me lembrar de algo.* Ah, Kristen! Agora que eu lembrei, preciso levar as ferramentas! Antes do amanhecer, tenho que entregar umas ferramentas no sítio aqui do lado... *E de repente meu sorriso se alarga, como se a idéia houvesse naturalmente brotado naquele momento.* Ei, por que não vai comigo? Estou de moto, chegaremos rápido, e é perto! Antes de notarem sua falta, você vai tá de volta, prometo! *Faço sinal de escoteiro. A voz era simpática e absolutamente sincera, ou ao menos parecia assim para você.*

Fica tranquila! Em no máximo meia hora vc vai tá aqui, do jeitinho q tá agora. *Levanto a moto, monto e estendo a mão. Estava confiando que você não resistiria à tentação. Além do mais, confiava na minha aparência. Se fosse meu mentor, você com certeza não aceitaria. Mas que ameaça uma gartoa de não mais de 18 anos poderia oferecer realmente?*

Ih, acha que eles poderiam trazer problemas para seu amigo? Se ele conseguir acompanhar, posso andar realmente devagar. *O sorriso era novamente irresistível, e a idéia de guardas parecia me deixar ainda mais empolgada, em vez de assustada.* Mas é melhor você vir comigo. Se precisarmos fugir, prefiro que você esteja aqui. E tenho certeza que seu amigo se sairá bem sem nós, e poderá nos encontrar mais tarde. *A voz passava confiança, e de repente a potencial inimiga rapidamente tornava-se uma aliada contra os guardas, "inimigos comuns".*

É assim que se fala! *Acelero a moto silenciosa, mas mesmo sem barulho alto a potência do motor era indiscutível. Conforme prometido, não andamos muito. Nos afastamos mais um pouco da sua casa e logo alcançamos um galpão. A porta está semi-aberta e entro por ela. Não há nada de assustador lá, alguns cubos de feno a um canto, bancos toscos perto da entrada e uma pequena estante. Além disso, a luz acesa torna tudo mais tranquilo. Desço da moto, mantendo-a em pé pelo apoio.* Preciso pedir licença, as ferramentas estão debaixo do banco. Aliás, gostou do passeio?

*De uma forma tão rápida que você mal percebe, seguro sua mão firmemente. Não era apertado que machucasse, mas você não conseguiria soltar-se nem que usasse toda a sua força.* Desculpe por isso. Mas acredite, você vai gostar. E vai me agradecer um dia. *Agora, eu estava séria. E quando falei a última frase, se você prestasse atenção, perceberia que algo havia mudado. Algo na pronúncia de minhas palavras, como se algo na minha boca estivesse diferente.*

*Atiro a chave da moto no interruptor, e com a perfeita pontaria a luz se apaga. Você sente primeiramente uma dor muito forte no braço, na parte interna do cotovelo, mas dentro de um tempo muito curto esta dor se transforma na melhor sensação que você já teve na vida. É extremamente prazeiroso, mas torna você fraca a cada minuto. Após algum tempo, você perde os sentidos, mas ainda assim é bom. Fica um pouco confuso para você se você morreu ou se foi um desmaio.
Você não sabe por quanto tempo ficou desacordada, mas quando você acorda, você sente em seus lábios o sabor mais maravilhoso que você já provou. O líquido traz força, revive, anima, e é delicioso. Porém pouco antes de você sentir que já pode se levantar, o líquido lhe é tirado.
As luzes estão acesas, tudo parece um pouco diferente, mas a única coisa que importa para você agora é que você quer mais. Você precisa de mais, e ainda assim não conseue levantar-se para pegar... você sequer percebe o que é...*

*Passo a mão pela sua cabeça, acalmando-a.* Calma, querida. Já acabou, agora, só melhora. *O sorriso simpático havia voltado, e além de mim mais alguém podia ser visto no recinto. Alguém que estava amarrado, semi-acordado, e seus pulsos haviam sido amarrados com tanta força que sangravam um pouco. O cheiro leve do sangue no local (que você nem tinha sentido quando chegou) agora atiçava sua sede, e de repente, sem perceber, você entendeu qual era a fonte de sua força. Sem esforço, puxo a corda que amarrava o humano com uma mão só, e deixo-o próximo o bastante para que você o alcançe e consiga se alimentar dele. O restante, você saberia fazer sozinha. Era instintivo.*

*Ainda segurava sua mão, de forma quase gentil.* Calma, me dê a chance de explicar. *Com a outra mão, puxo o braço do homem e o lambo. As cicatrizes desaparecem na hora.*

Durma, querida. O sol já vai nascer, e o sol fere. Cê tem q descansar pra poder aprender e entender tudo amanhã. *Gentilmente, seguro vc no colo sem a menor dificuldade, e levo-a para um quarto próximo, deitando-a na cama em seguida.* E não se preocupe com o cara ali na frente, ele vai ficar bem. *Confiante que sua fraqueza a faria dormir agora, fecho a porta devagar, mas fico do lado de dentro. Sento em uma poltrona perto da porta e murmuro.* E seu presente quando entender e puder me perdoar... será uma belezinha como a minha. *Estendo o polegar na direção da moto.* Não quero que seu amigo machuque os cascos na cidade.