Nightwalkers
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 Diário de Shadow

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Shadow

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MensagemAssunto: Diário de Shadow   Diário de Shadow Icon_minitimeSex Abr 24, 2009 6:40 am

HISTÓRIA: Eu nasci na região que futuramente seria Kiev, primeiro estado da antiga Rússia, em 01 de fevereiro do ano de 126 a.C. Eu era o mundo de meus pais; a recompensa após anos de esperança por um filho. Eles tentaram por mais 4 anos me dar um irmão ou irmã mas, sem sucesso, finalmente desistiram. Eles me amavam muito, me davam tudo, amor, atenção e tudo o mais que podiam. Mas minha natureza não era aquela. A "vidinha perfeita" que eles me proporcionavam começou a irritar-me profundamente quando eu tinha por volta de 10 anos de idade. O excesso de atenção e proteção deles fazia com que eu me sentisse presa, observada, sufocada, eu me sentia mal. Comecei a sair de casa no início da noite e voltar só na manhã seguinte. Tudo o que meus pais não gostavam, eu fazia. Foi em um desses "passeios noturnos" que descobri uma construção onde “magos” se reuniam para "trocar experiências" e "treinar" "magias". Eles notaram a minha presença nos arredores, e eu sabia disso, mas por algum estranho motivo eu não os temia e eles não expulsavam-me dali. Fui me aproximando aos poucos. Ficava na frente, depois no jardim, depois olhando pela janela. Mas esse foi um processo lento, levou quase um ano para eu me aproximar da porta e olhar lá dentro sem a proteção dos vidros foscos das janelas. De modo que, quando o que parecia ser o "chefe" deles me convidou a entrar, eu já tinha 12 anos. Passei a frequentar o local, e aprendi muito com eles. Somente a eles obedecia, somente a eles dava-me satisfação obedecer. Lia sem hesitar os livros que eles recomendavam. E adorava! Havia descoberto minha vocação: “magia”. A essas alturas, eu já não conversava em casa, e pouco aparecia por lá. Um dia, enquanto eu dormia, meus pais pegaram meus livros e os examinaram. Ficaram horrorizados. Eles detestavam e temiam magia, e não queriam que eu me envolvesse com ela. Tentaram conversar comigo, convencer-me a desistir, mas eu não lhes dei atenção. Estava decidida, magia era a minha vida. Eles permaneceram depressivos por um tempo, eu sabia que conversavam muito a respeito. Eu já tinha 14 anos quando eles resolveram tomar uma atitude drástica. Pegaram todos os livros que tinha no meu armário e os queimaram no quintal. A visão das labaredas queimou como se elas estivessem sobre mim. Tomada de ira, somente lancei-lhes um olhar que expressava o que sentia e saí de casa. Caminhei a esmo o resto do dia, só parando no "Centro" (era como eu chamava a Capela na época) à noite e só voltando para casa muitos dias depois. Eu havia decidido sair de casa, mas queria pegar algumas coisas lá. Quando cheguei, vi que meus pais estavam abismados com alguma coisa, mas nem liguei - subi direto para o quarto. Qual não foi minha surpresa ao ver o armário aberto com todos os livros lá dentro. Demoraria ainda para eu descobrir quem havia feito aquilo. Meus pais ficaram muito felizes ao ver-me, e prometeram não mais tentar nada contra o meu material. Mas fizeram pior que isso. Mudaram-se, levando-me com eles contra a minha vontade. Nada pude fazer, nem mesmo ir ao "Centro" para despedir-me ou devolver os livros. Fui quieta a viagem toda. O ódio que eu sentia deles era imenso, porém não tão imenso a ponto de querer matá-los, ou mesmo machucá-los. Na época, a maior parte dos povos era nômade, e não foi difícil para eles juntar-se a um grupo e migrar. Fomos até Constantinopla. Logo na 1ª semana já comecei meus "passeios" novamente, mas sentia muita falta do "Centro". Menos de um mês depois, recebi um informante de lá, com o endereço de um "Centro" em Roma e pedindo que eu devolvesse os livros neste local. Fui naquela mesma noite. Minha presença deve ter sido avisada, pois não ficaram surpresos ao ver-me ali. Um rapaz muito atraente com aparência de uns 25 anos apresentou-se como o responsável para levar os livros de volta à Rússia, e entreguei-os a ele. Nunca o esqueci. Ele me pareceu incrivelmente especial, com seus lindos olhos azuis e os cabelos negros que insistiam em cair-lhe no rosto. Era alto, e apesar da pele muito branca possuía um físico muito atraente. Pareceu-me que também ele havia se interessado por mim, mas nosso encontro foi tão breve que só viria a confirmar esta suspeita em nosso próximo encontro, anos depois. Passei assim 5 anos, com minha vida resumida a ir ao "Centro" à noite e ir para casa de dia, para comer algo e dormir. Aprendi bastante. Aos poucos, comecei a notar que os outros frequentadores do "Centro" me olhavam de um modo cada vez mais voraz, e que embora estivesse adaptando-me extremamente bem, eles me olhavam como se eu fosse muito diferente deles. Comecei a prestar atenção a alguns detalhes aos quais na “Rússia” eu não ligava. Notei que nunca se comia nada lá. Mas tudo bem, esse definitivamente não era o objetivo do "Centro". Notei também que, algumas noites, havia rituais para os quais eu não era convidada, ou dos quais era expulsa. Somente mais tarde fui entender o porquê. Participei de muitas festas, e notei que a única bebida servida era vinho. Passei a apreciar muito essa bebida a qual nunca havia provado. Na noite do meu aniversário de 19 anos, houve uma espécie de “encontro” no “Centro”. E neste encontro apareceu ninguém menos que aquele rapaz, a quem já havia visto uma vez e de quem nunca esquecera. Ele veio falar comigo. Apresentou-se: Lukkas Shadows. “Russo”, como eu. Conversamos o tempo todo, e de manhã ele ofereceu-se para levar-me em casa. Meus pais viram-no quando chegamos, e ficaram visivelmente apreensivos. Alguns dias depois, e contrariando completamente as crenças e atitudes da época, começamos a fazer o que hoje é conhecido como “ficar”. Ouvi acidentalmente uma conversa de meus pais a respeito de uma mudança, desta vez para um local mais distante. Entrei em desespero. Não queria afastar-me do "Centro", e menos ainda de Lukkas. Mas ao menos desta vez pude ir ao "Centro" antes da partida, e pude contar a Lukkas o que estava para acontecer. Ele nem se abalou, simplesmente disse que me seguiria; que estaria sempre comigo. A mudança aconteceu poucos dias depois, para o Império Romano. Lukkas seguiu-me, como prometera. Começamos a namorar dia 08 de maio, aquele mesmo ano. No mês de maio seguinte, pouco antes do 1º aniversário do nosso namoro, ele contou-me tudo a respeito dele, e houve a minha gênese. Desde que Lukkas me "abraçou", não mais voltei para casa. Fiquei morando na Capela com ele. Foram anos maravilhosos, de longe os melhores da minha existência. Viajávamos, caçávamos e participávamos de Jyhads e batalhas, sempre unidos. Nunca nos separávamos. Até aquela fatídica noite. Nós éramos constantemente atacados por caçadores e caçadores de cabeças sem motivo aparente. Às vezes na rua, enquanto caminhávamos, “do nada”. Pensei ser normal no início, mas conforme fui falando com outros cainitas fiquei sabendo que, naquela frequência, não era comum. Uma noite, após uma das inúmeras batalhas das quais participávamos, até Lukkas comentou achar isso muito estranho. Mas o importante era que estávamos juntos.


Última edição por Shadow em Sáb maio 30, 2009 8:31 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Diário de Shadow   Diário de Shadow Icon_minitimeSáb maio 30, 2009 8:24 pm

Acordei, tomei um banho e saí correndo de casa. Detestava o local. Olga ainda disse algo quando passei por ela. Como sempre, saí sem dar atenção.

Caminhei o mais rápido que podia até a praça onde costumávamos nos encontrar, na frente da Capela dele. Não sabia tratar-se de uma Capela, na época.

Sentei-me no encosto do banco, impaciente. Ele não demorou a aparecer, os belíssimos olhos azuis e profundos, o sorriso cativante e tão amado por mim. Abraçou-me forte. Fechei os olhos.

- Ia liubov te! – murmurou ele à minha orelha. Repeti as palavras. Amava-o também. Amo-o.

Ele soltou-me após algum tempo e olhou-me nos olhos, sério. Estranhei. Somente agia assim quando tinha algo muito importante a dizer. O que seria desta vez?

- Sthephy... preciso revelar-te uma coisa. Peço que acredites em mim, e depois disto, que confies em mim e no amor que sinto por ti, crendo que eu não faria a ti qualquer mal.

Estranhava muito não só as palavras como o tom no qual ele falava. Nunca desconfiara dele. Causar mal? Não, não ele. Não a mim. Movi a cabeça, consentindo. Ele fechou os olhos e baixou o rosto. Quando novamente levantou-o, não percebi qualquer diferença. No entanto, quando abriu os olhos...

Não eram os mesmos olhos azuis. Eram olhos cinza, apenas levemente azulados, gélidos. Muito mais profundos e frios que o normal. Um arrepio percorreu minha espinha. Pela primeira vez, sentia temor na presença de Lukkas, que tanta segurança e conforto me passava normalmente. E foi aí que ele entreabriu a boca, e pude ver seus avantajados caninos. Minha respiração parou, e mesmo meu coração parecia ter parado. Nos instantes seguintes, o mundo, o tempo, tudo parecia ter parado. Olhava-o. Meu conhecimento de ocultismo dava-me a consciência de que tais seres existiam. Já pensava ter visto um lupino a distância, de relance, uma vez. Mas nunca um vampiro. Nunca assim, clara, indubitavelmente em minha frente. E era Lukkas...

Tive ímpeto de me afastar, mas me contive. Também não me aproximei. Permaneci ali, parada, olhando-o. Até me dar conta que minha respiração havia retornado, e que meu coração, assim como o tempo e o mundo, jamais haviam parado.

Ele também não moveu-se. Apenas olhava-me, como se estivesse dando-me tempo para assimilar a idéia. Não sei por quanto tempo permanecemos assim, parados. Mas pareceu-me uma eternidade. Hoje sei que foram poucos minutos. Hoje conheço o peso desta palavra. “Eternidade”. Ainda incrédula, escutei sua doce, calma e inconfundível voz. Um quase murmúrio.

- Sthephy... desculpe não ter contado antes. Eu...

- Ha quanto tempo...? – foi só o que consegui pronunciar.

- Muito tempo, Sthephy. Séculos. - podia ver os caninos proeminentes a cada palavra que ele pronunciava. Houve uma pausa antes que ele continuasse: - Ouça, Sthephy... se precisares de um tempo sozinha, um tempo para pensar, para entender e confiar, eu entenderei. Entenderei também se não mais desejares ver-me.

Não mais vê-lo? Era absurdo! A simples menção ao fato afastou minhas hesitações, se é que realmente houvera alguma. Abracei-o fortemente.

- Não preciso de tempo. Acredito e confio em ti. Amo-te muito!

Ele abraçou-me também, e percebi que sorria. Ainda estava transformado. Podia sentir os dentes proeminentes bem próximos de meu pescoço, da mesma forma como sentia o sorriso. Uma idéia me veio à mente.

- Leva-me contigo!

- O que?

- Leva-me contigo! Transforma-me, faz de mim uma como tu! Dá-me a liberdade e a imortalidade, tira-me para sempre daquela casa, daquela família! Dá-me este presente!

Lukkas olhou-me, serio. Estavam de volta os olhos azuis. Aos poucos, naquela noite, ele explicou-me sobre a pós-vida. Como funcionava, como era necessário agir, muitas coisas. Finalizou:

- Isto não é um presente, Sthephy. Isto é uma maldição!

Olhei firme nos olhos dele.

- Não para mim.

O sol já estava por nascer. Era a hora em que ele entrava. Sempre. Passei a entender por que. Deu-me um longo beijo e encaminhou-se à Capela. Despediu-se do modo costumeiro, o que deixava no ar a certeza do encontro na noite seguinte, no mesmo local, ao cair da noite. Acompanhei-o com o olhar. Atravessou a rua, os jardins, e desapareceu nas sombras da construção.

Não fui para casa aquele dia. Não conseguiria dormir, de qualquer maneira. Caminhei pela cidade, com o olhar perdido, sem prestar atenção em nada nem ninguém. Não sentia cansaço, nem fome, nem nada. Caminhava, apenas. E pensava. Muito...
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